quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ESTEATOSE HEPÁTICA

A esteatose hepática é uma condição do figado causada pelo acúmulo de gordura no mesmo. Neste texto textos vamos abordar as seguintes questões sobre a esteatose hepática:



O que é esteatose hepática.

O que causa esteatose hepática.

Diferenças entre esteatose hepática e esteato-hepatite.

Quais os sintomas da esteatose hepática.

Quais os graus de esteatose hepática.

Qual o tratamento da esteatose hepática.

O que é esteatose hepática?



O termo hepático tem origem grega e significa fígado. Esteato é o termo que indica relação com gordura. Portanto, esteatose hepática significa literalmente fígado gorduroso ou fígado gordo.





Esteatose hepática

Nosso fígado possui normalmente pequenas quantidades de gordura, que compõe cerca de 10% do seu peso. Quando o acúmulo de gordura excede esse valor, estamos diante de um fígado que está acumulando gordura dentro do seu tecido.

 

Há algumas décadas acreditávamos que o acúmulo de gordura no fígado era causado apenas pelo consumo exagerado de bebidas alcoólicas e que a presença da esteatose era necessariamente algo danoso à saúde. Atualmente sabemos que a esteatose hepática é muito comum e pode ser causada por diversas outras condições que não a ingestão crônica de álcool (falaremos das causas mais abaixo).



Uma esteatose hepática leve (esteatose hepática grau 1 ou 2) normalmente não causa sintomas ou complicações. O acúmulo de gordura é pequeno e não leva à inflamação do fígado.



Quanto maior e mais prolongado for o acúmulo de gordura no fígado, maiores são os riscos de lesão hepática. Quando há gordura em excesso e por muito tempo, as células do fígado podem sofrer danos, ficando inflamadas. Este quadro é chamado de esteato-hepatite ou hepatite gordurosa. A esteato-hepatite é um quadro bem mais preocupante que a esteatose, já que cerca de 20% dos pacientes evoluem para cirrose hepática (leia: CAUSAS E SINTOMAS DA CIRROSE HEPÁTICA).



Portanto, a esteatose hepática é um estágio anterior ao desenvolvimento da esteato-hepatite, que como o próprio nome diz, nada mais é que uma hepatite causada por excesso de gordura (leia: AS DIFERENÇAS ENTRE AS HEPATITES). Cabe aqui salientar que nem todo paciente com esteatose hepática irá evoluir para esteato-hepatite. Na verdade, a maioria não o faz.



A principal causa de esteato-hepatite é o consumo de bebidas alcoólicas. Em geral, dividimos os casos entre esteato-hepatite alcoólica e esteato-hepatite não alcoólica. A hepatite alcoólica e os malefícios do álcool já foram abordados em outros textos (leia: CAUSAS E SINTOMAS DA CIRROSE HEPÁTICA e MALEFÍCIOS DO CONSUMO DE ÁLCOOL E ALCOOLISMO). Por isso, neste artigo vamos nos ater apenas à esteato-hepatite não alcoólica.



Causas de esteatose hepática



Não se sabe exatamente por que alguns indivíduos desenvolvem esteatose hepática, mas algumas doenças estão claramente ligadas a este fato. Podemos citar:



- Obesidade (leia: OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA). Mais de 70% dos pacientes com esteatose hepática são obesos. Quanto maior o sobrepeso, maior o risco.



- Diabetes Mellitus (leia: DIAGNÓSTICO E SINTOMAS DO DIABETES MELLITUS). Assim como a obesidade, o diabetes tipo 2 e a resistência à insulina também estão intimamente relacionados ao acúmulo de gordura no fígado.



- Colesterol elevado (leia: COLESTEROL BOM (HDL) E COLESTEROL RUIM (LDL)). Principalmente níveis altos de triglicerídeos.



- Drogas. Várias medicações podem favorecer a esteatose, entre as mais conhecidas estão: corticoides, estrogênio, amiodarona, antirretrovirais, Diltiazen e Tamoxifeno. O contato com alguns tipos de pesticidas também está relacionado ao desenvolvimento de esteatose hepática.



- Desnutrição ou rápida perda de grande quantidade de peso.



- Cirurgias abdominais, principalmente "bypass gástrico", retirada de partes do intestino e até cirurgia para remoção da vesícula (leia: PEDRA NA VESÍCULA E COLECISTITE ).



- Gravidez.



Não é preciso ter alguma das condições citadas acima para ter esteatose hepática. Pessoas magras, saudáveis e com baixa ingestão de álcool também podem tê-la, apesar deste fato ser menos comum.



A esteatose hepática é mais comum no sexo feminino, provavelmente por ação do estrogênio.



Sintomas da esteatose hepática



A esteatose hepática não causa sintomas. Normalmente, o diagnóstico é feito acidentalmente através de exames de imagem, como ultrassonografias ou tomografias computadorizadas solicitadas por outros motivos.



Alguns pacientes com esteatose hepática queixa-se de fadiga e sensação de peso no quadrante superior direito do abdômen. Não há evidências, entretanto, que esses sintomas estejam relacionados ao acúmulo de gordura no fígado. Há pacientes com grau avançados de esteatose que não apresentam sintoma algum.



O que diferencia o acúmulo de gordura benigno da esteatose hepática do acúmulo de gordura prejudicial da esteato hepatite é a presença de inflamação no fígado. Ambos os quadros não costumam causar sintomas. Clinicamente é impossível distingui-los.



É importante destacar que através dos exames de imagem também nem sempre é possível diferenciar casos de esteatose, principalmente em fase avançada, da esteato-hepatite. A ultrassonografia, por exemplo, consegue-se ver bem a gordura, mas não possui sensibilidade suficiente para se descartar ou confirmar a presença de inflamação no fígado.



Os exames de imagem também não conseguem distinguir a esteato-hepatite das outras causas de hepatite. Por isso, uma história clínica, exame físico e análises laboratoriais são imprescindíveis para a avaliação do paciente. Uma boa avaliação médica pode identificar a causa da lesão hepática.



As análises laboratoriais servem para avaliar o grau de lesão do fígado através das chamadas enzimas hepáticas (TGO e TGP ou AST e ALT) e de outros marcadores de doença do fígado, como a gama GT (leia: O QUE SIGNIFICA AST (TGO) E ALT (TGP)?). Na esteatose hepática, as enzimas do fígado estão normais, enquanto na esteato-hepatite há aumento das mesmas.



Para saber sobre os sintomas de outras doenças do fígado, leia: 12 SINTOMAS DO FÍGADO.



Graus de esteatose hepática



Geralmente é possível quantificar a quantidade de gordura acumulada no fígado através da ultrassonografia. Os laudos costumam indicar esteatose hepática grau 1 quando há pequeno acúmulo de gordura, esteatose hepática grau 2 quando há acúmulo moderado e esteatose hepática grau 3 quando há grande acúmulo de gordura no fígado.



Essa graduação não tem muito peso, uma vez que o mais importante é a presença ou não de inflamação no fígado. O paciente pode ter esteatose grau 3 e não apresentar inflamação hepática, mesmo após 20 anos de acúmulo de gordura, o que o coloca sob baixo risco de evolução para cirrose.



Biópsia hepática



O único modo de se diagnosticar uma esteato-hepatite com certeza é através da biópsia hepática. Este procedimento costuma ser indicado apenas nos pacientes com sinais clínicos, radiológicos e/ou laboratoriais de lesão do fígado. O paciente com um esteatose leve não precisa ser biopsiado.



Portanto, se você tem imagem ao ultrassom sugestiva de esteatose hepática, mas não apresenta sintomas e não tem sinais de lesão hepática, é necessário apenas o acompanhamento anual para se avaliar progressão da doença. Não há necessidade de se repetir exames de imagem pois estes não são bons para avaliar a progressão da esteatose.



Se há sinais de esteato-hepatite, com sintomas ou alterações nos exames laboratoriais, deve-se pensar na hipótese da biópsia e o paciente deve ser reavaliado a cada seis meses. Este paciente deve ser seguido por um hepatologista.



Tratamento da esteatose hepática



Não existe tratamento específico para esteatose. O alvo deve ser o tratamento dos fatores de risco citados acima. A fase de esteatose pode ser reversível apenas com alterações dos hábitos de vida.



A perda de peso é, talvez, a mais importante medida. Todavia, deve-se limitar a perda de peso ao máximo de 1,5 kg por semana para se evitar uma piora do quadro. A prática regular de atividade física também ajuda muito, pois diminui o colesterol e aumenta o efeito da insulina.



Em doentes com obesidade mórbida, a cirurgia bariátrica pode ser uma opção.



Deve-se controlar o colesterol, o diabetes, e se possível, trocar drogas que possam estar colaborando para a esteatose.



Medicamentos como metformina (em pacientes não-diabéticos), vitamina E e C, losartan e Orlistat (xenical) apresentam resultados controversos e ainda não há uma indicação formal para o seu uso.







Leia o texto original no site MD.Saúde: ESTEATOSE HEPÁTICA
Gordura no fígado http://www.mdsaude.com/2009/08/esteatose-hepatica.html#ixzz24yDaGFRC

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Febre do Nilo Ocidental

Agente etiológico

O vírus da febre do Nilo Ocidental (FNO) pertence ao gênero Flavivirus, da família Flaviviridae, e faz parte do complexo do grupo de vírus da Encefalite Japonesa, como St. Louis, Rocio, Murray Valley e Ilhéus. O vírus é comumente encontrado na África, Ásia Ocidental, Oriente Médio, Europa e, mais recentemente, na América do Norte, Central e do Sul, onde foi registrada em animais na Colômbia, Venezuela e Argentina.





Reservatório

O vírus pode infectar humanos, aves, cavalos e outros mamíferos. Seu principal reservatório e amplificador são algumas espécies de aves. Somente elas estão em condições de atuar como reservatório, já que têm uma viremia alta e prolongada, servindo, assim, como fonte de infecção para os vetores.





Vetores

A competência vetorial está diretamente ligada à abundância do vetor no local, além da prática da antropofilia e ornitofilia. O principal gênero de mosquito identificado como vetor do vírus da febre do Nilo Ocidental é o Culex. Entretanto, outras espécies de mosquitos já foram encontradas infectadas com o vírus. Das espécies infectadas, o Culex pipiens parece ser a mais importante nos Estados Unidos. Nesse gênero, algumas espécies sobrevivem ao inverno, o que permite manter a transmissão mesmo em baixas temperaturas. No Brasil, a espécie que mais se assemelha ao Culex pipiens é o Culex quiquefasciatus. Além disso, o Aedes albopictus, espécie amplamente distribuída no país, também é considerada vetor potencial, além do Anopheles.





Modo de transmissão

O vírus do Nilo Ocidental pode ser transmitido quando um mosquito infectado pica um humano ou animal para se alimentar. Os mosquitos se infectam quando fazem o repasto em aves infectadas, as quais podem circular o vírus em seu sangue, por alguns dias. O vírus se replica no intestino dos insetos, sendo armazenado em suas glândulas salivares. Além disso, a transmissão pode ocorrer, mais raramente, através da transfusão sangüínea ou transplante de órgãos, além do aleitamento materno. Não ocorre transmissão de pessoa para pessoa.





Período de incubação

Varia de 3 a 14 dias.



Período de transmissibilidade

Varia de 3 a 14 dias.





Suscetibilidade e imunidade

A suscetibilidade varia entre as espécies. Aves, humanos e equídeos são as espécies mais acometidas pela doença. No ser humano, indivíduos com idade superior a 50 anos têm maior frequência de manifestações graves da doença. Outras espécies de animais, como répteis e roedores, podem se infectar com o vírus.





Imunidade

A doença pode conferir imunidade duradoura.







Aspectos clínicos e laboratoriais



Manifestações clínicas

As infecções pelo vírus do Nilo Ocidental, normalmente, geram uma infecção clinicamente inaparente, sendo que 20% dos casos desenvolvem uma doença leve (febre do Nilo Ocidental). Os primeiros sinais e/ou sintomas da forma leve da doença são: doença febril de início abrupto, frequentemente, acompanhada de mal-estar, anorexia, náusea, vômito, dor nos olhos, dor de cabeça, mialgia, exantema máculo-papular e linfoadenopatia. Aproximadamente, uma em cada 150 infecções resulta em doença neurológica severa (encefalite do Nilo Ocidental), cujo maior fator de risco é a idade avançada. A encefalite é mais comumente relatada do que a meningite. Ambas apresentam-se com febre, fraqueza, sintomas gastrointestinais e alteração no “padrão mental”. Podem apresentar exantema máculo-papular ou morbiliforme, envolvendo pescoço, tronco, braços e pernas, seguidas de fraqueza muscular severa e paralisia flácida. São incluídas as apresentações neurológicas, como ataxia e sinais extrapiramidais, anormalidades dos nervos cranianos, mielite, neurite ótica, polirradiculite e convulsão. Há relato de miocardite, pancreatite e hepatite fulminante.





Diagnóstico diferencial

Meningoencefalite sem causa conhecida, encefalites ou meningites de provável etiologia viral, além de outras doenças do SNC. Também são considerados para o diagnóstico diferencial, casos de doenças febris agudas, suspeitos de dengue, leptospirose, febre maculosa, entre outros.





Diagnóstico laboratorial

O teste diagnóstico mais comum é a detecção de anticorpos IgM para o vírus do Nilo Ocidental, em soro ou líquido cefalorraquidiano (LCR), que deve ser coletado até o 8º dia do início da doença, para a técnica de captura de anticorpos IgM (ELISA). Pacientes recentemente vacinados ou infectados com outro Flavivírus (ex: febre amarela, dengue, encefalite japonesa) podem apresentar resultado de IgM-ELISA positivo. Outras provas, como a hemaglutinação, PCR e isolamento do vírus, também são comumente usadas.





Outros achados importantes

Entre pacientes dos recentes surtos, observou-se que:

• pode ocorrer anemia;

• a contagem de leucócitos apresenta-se geralmente normal ou com linfocitopenia;

• o exame do LCR mostra pleocitose linfocítica com proteínas elevadas e glicose normal;

• a tomografia computadorizada do cérebro apresenta-se normal; em um terço dos pacientes, a imagem por ressonância magnética apresenta aumento das leptomeninges e/ou da área periventricular.





Tratamento

O tratamento é de suporte, frequentemente envolvendo hospitalização, fluido intravenoso, suporte respiratório e prevenção de infecção secundária para os pacientes com a doença em sua forma severa.

Fonte:http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=31473







quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Medicamentos a base de água do mar devem ter registro


23 de abril de 2012
Imagem de uma pessoa usando remédio de solução nasal.
Os produtos a base de água do mar são matrizes complexas compostas de diversos oligoelementos cuja principal função é a limpeza da fossa nasal por meio do descongestionamento tópico. Essa atividade ocorre principalmente devido à presença de cloreto de sódio em soluções isotônicas ou hipertônicas. Tendo em vista essa característica, este tipo de produto está sujeito às normas de vigilância sanitária conforme Lei nº 6360/1976.
Desta forma, devem ser registrados como medicamentos junto à Coordenação de Medicamentos Fitoterápicos e Dinamizados (COFID) na Gerência Geral de Medicamentos, conforme resolução RDC nº 24/2011.
As empresas devem cumprir o Artigo 12 da Lei nº 6360/1976 que refere “Nenhum dos produtos de que trata esta Lei, inclusive os importados, poderá ser industrializado, exposto à venda ou entregue ao consumo antes de registrado no Ministério da Saúde”.
FONTE:http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/inicio/medicamentos/assunto+de+interesse/medicamentos+especificos/medicamentos+a+base+de+agua+do+mar+devem+ter+registro

Novo manual para rotulagem dos medicamentos do Ministério da Saúde


29 de março de 2012
Imagem do novo modelo de embalagem dos medicamentos
A Anvisa anunciou, nesta quinta-feira (29/3), o novo Manual de Identidade Visual de Medicamentos para o Ministério da Saúde. A resolução RDC 21/2012, publicada no Diário Oficial da União, define que todos os medicamentos adquiridos pelo Ministério da Saúde para distribuição no SUS seguirão o novo padrão visual em suas embalagens. A medida foi anunciada em entrevista coletiva do diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano.
De acordo com Dirceu Barbano, entre as novidades da nova rotulagem, está a valorização do nome do princípio ativo do medicamento frente ao nome comercial, de forma a estimular os profissionais médicos a utilizar o nome técnico dos produtos. O destaque ao nome do principio ativo também visa facilitar a identificação dos medicamentos, prevenindo erros na entrega ou uso destes produtos. “A medida busca dar mais conforto ao cidadão, para que  ele consiga ter uma identificação de que se trata de um medicamento distribuído pelo sistema público e identificar, com precisão, qual é o medicamento e a forma de uso”, explicou Barbano.
A nova padronização é mais moderna e atualiza a norma que estava em vigor desde 2002. Além da nova proposta da arte gráfica, inspirada na bandeira nacional, as novas embalagens, entregues por meio de programas do Ministério, estarão de acordo com as normas já existentes para os demais medicamentos disponíveis no mercado.
Barbano destacou, ainda, que a nova rotulagem abre caminho para que os estados e municípios também possam adotar o mesmo padrão nos medicamentos adquiridos por eles, criando uma identidade nacional para qualquer produto no SUS. Isso será possível porque as embalagens adotarão a marca do SUS como destaque, ao contrário da anterior que destacava o nome do  Ministério da Saúde.
O novo manual reforça a proibição de venda do produto em todas as embalagens, blisters, ampolas, cartelas, frascos, entre outros. O objetivo é possibilitar a imediata identificação da origem dos medicamentos disponibilizados pelo Ministério da Saúde.
Todos os rótulos trarão informações essenciais para garantir o uso correto dos produtos, como via de administração do medicamento, forma de conservação e restrição de uso, entre outros.
Os produtores destes medicamentos terão 180 dias, a partir da publicação da norma, para alterar as embalagens dos produtos. A adequação das novas embalagens será verificada pela Anvisa durante o processo de renovação de registro e análise de pós-registro.


domingo, 12 de agosto de 2012

Exame FAN (Fator Antinuclear)


O exame chamado FAN, sigla para fator antinuclear, é um teste habitualmente solicitado para os pacientes que estão com suspeita de uma doença autoimune. Normalmente, o sistema imunológico responde à invasão do nosso organismo por germes produzindo um grande número de anticorpos para combatê-los. No entanto, quando uma pessoa tem uma doença autoimune, o organismo inapropriadamente passa a produzir anticorpos contra células, tecidos e proteínas do próprio corpo. 

Neste texto vamos abordar as seguintes questões sobre o exame FAN:
  • O que é uma doença autoimune.
  • O que é o FAN.
  • O que significa um FAN reagente.
  • Quais doenças costumam ter FAN positivo.
  • FAN falso positivo.
Obs: Em Portugal, o exame FAN é chamado de ANA (anticorpo antinuclear).

Doenças autoimunes

Doenças autoimunes são aquelas no qual o nosso sistema imunológico equivocadamente deixa de reconhecer algumas das estruturas presentes no nosso corpo e passa a tratá-las como se fossem germes invasores nocivos à saúde. O resultado desta confusão é a produção dos chamados auto-anticorpos, ou seja, anticorpos contra nós mesmos.

Os auto-anticorpos, ao contrário dos anticorpos normais, não combatem bactérias, vírus, parasitas ou fungos. Eles atacam as nossas células, destruindo-as. As doenças autoimunes podem afetar as células do sangue, pele, articulações, rins, pulmões, sistema nervoso... Fazendo um analogia, podemos dizer que uma doença autoimune é uma espécie de motim realizado pelas nossas próprias forças de segurança.

Se você quiser saber mais sobre as doenças autoimunes, leia: DOENÇA AUTOIMUNE.

Temos textos específicos sobre várias doenças autoimunes, alguns exemplos:
PSORÍASE .
VITILIGO .

O que é o FAN (fator antinuclear)?

O FAN (fator antinuclear) é um grupo de auto-anticorpos descobertos na década de 1940 em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Como o próprio nome já sugere, o FAN são anticorpos contra os núcleos das nossas células. O FAN não é um único anticorpo, ele é um conjunto de anticorpos contra diferentes estruturas das células. Existem vários tipos de FAN, cada um deles associado a um tipo de doença autoimune diferente.

É importante salientar que 10% a 15% da população sadia pode ter FAN reagente em valores baixos, sem que isso indique qualquer problema de saúde. Não sabemos  o porquê deste achado, mas a simples presença de um FAN positivo não é suficiente para o diagnóstico de nenhuma doença.


Exame FAN

Para entender os resultados do FAN é preciso saber como o exame é feito. O assunto é bem complexo, mas tentarei explicar do modo mais simples possível.

FAN reagente
FAN reagente
O exame de FAN é feito com amostras de sangue do paciente com suspeita de doença autoimune. No laboratório consegue-se identificar todos os anticorpos circulantes neste sangue. Com um corante fluorescente o laboratório marca cada um destes anticorpos. Depois, mistura-se este sangue em um recipiente com uma cultura de células humanas (chamadas de Hep2).

O resultado é o que se vê na foto ao lado. Se houver anticorpos contra estruturas das células humanas, estes irão se fixar às mesmas, tornando-as fluorescentes. Se o auto-anticorpo for contra o núcleo das células, a imagem no microscópio será de vários núcleos fluorescentes. Se auto-anticorpo for contra o citoplasma das células, vários citoplasmas ficarão brilhando, e assim por diante. Se não houver auto-anticorpos, nenhuma parte das células ficará fluorescente, caracterizando um FAN não-reativo.

Os resultados são repetidos após várias diluições do sangue, até a fluorescência desaparecer. Resultados positivos são aqueles que permanecem brilhando mesmo após 40 diluições (resultado 1/40 ou 1:40). Portanto, um FAN reagente 1/40 significa que o auto-anticorpo foi identificado mesmo após diluirmos o sangue 40 vezes.

Como já expliquei antes, até 10% da população possui FAN positivo, geralmente nas diluições menores que 1/80. Isto significa que só são valorizados valores a partir de 1/160.  As diluições são normalmente feitas na seguinte ordem: (1/40), (1/80), (1/160), (1/320), (1/640), (1/1280)... Valores maiores ou iguais a 1/320 são muito relevantes e indicam doença autoimune em mais de 97% dos casos.

A partir de agora, você já pode ter uma idéia dos resultados do FAN. Vamos citar alguns exemplos:

1.) FAN (Hep2) = Reagente
Título = 1/80
Padrão = nuclear pontilhado fino

2.) FAN (Hep2) = Reagente
Título = 1/640
Padrão = citoplasmático pontilhado reticulado

Os dois exemplos acima são de um FAN reagente. O primeiro em títulos baixos, com o núcleo sendo corado com finos pontos fluorescentes. Este primeiro exemplo não necessariamente indica a presença de alguma doença autoimune. O segundo exemplo apresenta um FAN positivo em altos títulos, com anticorpos contra o citoplasma da célula formando uma imagem reticulada.Valores altos assim quase sempre indicam doença autoimune.

Tipos de FAN reagente

Existem mais de 20 padrões diferentes de Imunofluorescência. Cada um descreve o modo como as células humanas foram coradas pelos anticorpos fluorescentes. Alguns padrões são típicos de doenças, como Lúpus, esclerodermia, artrite reumatóide e síndrome de Sjögren. Outros são inespecíficos e podem estar presentes em pessoas normais. 

Os padrões mais comuns do FAN e suas prováveis patologias, são:
  • Nuclear pontilhado Centromérico = Esclerodermia ou Cirrose biliar primária.
  • Nuclear homogêneo = Lúpus, Artrite Reumatóide, Artrite Idiopática Juvenil, Síndrome de Felty ou Cirrose Biliar Primária.
  • Nuclear tipo membrana nuclear contínua = Lúpus ou Hepatite autoimune.
  • Nuclear pontilhado fino = Síndrome de Sjögren Primária, Lúpus Eritematoso Sistêmico ou Lúpus.
  • Nuclear pontilhado fino Denso = Inespecífico, pode estar presente em várias doenças auto-imunes e também na Cistite Intersticial, Dermatite Atópica, Psoríase ou Asma.
  • Nuclear pontilhado grosso = Doença Mista do Tecido Conjuntivo, Lúpus Eritematoso Sistêmico, Esclerose Sistêmica ou Artrite Reumatoide.
  • Nucleolar pontilhado = Esclerose Sistêmica.
  • Citoplasmático pontilhado reticulado = Cirrose Biliar Primária ou Esclerose Sistêmica.
  • Citoplasmático pontilhado fino = Polimiosite ou Dermatomiosite.
É preciso saber interpretar os resultados do fator antinuclear. Um mesmo padrão pode significar várias doenças autoimunes diferentes ou não significar nada.

O FAN precisa ser avaliado junto com o quadro clínico do paciente. É importante lembrar que o paciente é um todo e não apenas um resultado de uma reação química impresso em um pedaço de papel. As associações descritas acima são possibilidades e não fatos consumados. Tenho recebido nos comentários dezenas de pedidos de interpretação de FAN baseados apenas nos seus resultados. O fator antinuclear sozinho não faz diagnóstico de nada. Este é um exame que não dá para ser avaliado à distância.

As doenças mais associadas com fator antinuclear positivo são as doenças autoimunes sistêmicas, como o Lúpus e a Esclerodermia (esclerose sistêmica). O FAN pode ser positivo também em doenças autoimunes restritas a alguns órgãos, como Tireoidite de Hashimoto e hepatite auto-imune.

FAN falso positivo 

Como qualquer exame laboratorial, o FAN também pode apresentar falsos positivos. 10% da população saudável pode ter FAN falso positivo, principalmente mulheres e idosos. Algumas doenças ou medicamentos também podem causar um FAN reagente, sem que isso signifique a presença de uma doença autoimune. Entre as doenças, as mais comuns são: HIV (leia: SINTOMAS DO HIV | AIDS), mononucleose (leia: MONONUCLEOSE INFECCIOSA | DOENÇA DO BEIJO), linfoma (leia: LINFOMA HODGKIN e LINFOMA NÃO-HODGKIN) e tuberculose (leia: TUBERCULOSE | Sintomas e tratamento). Entre os medicamentos, os mais comuns são: hidralazina, isoniazida e procainamida.

O que fazer após um FAN positivo?

Uma vez que se tenha um FAN positivo, associado a um quadro clínico que sugira doença auto-imune, deve-se solicitar a pesquisa de auto-anticorpos específicos para tentar definir exatamente com qual doença autoimune estamos lidando. O FAN sugere a presença de um auto-anticorpo, mas não define qual. Por exemplo, um FAN sugestivo de lúpus indica a pesquisa do Anticorpo anti-DNA nativo, que é o auto-anticorpo típico desta doença; na suspeita de Sjögren solicita-se o anticorpo anti SS-A/Ro e anticorpo anti SS-B/La; na Esclerodermia dosa-se o anticorpo anti-centrômero, etc.

Muitas vezes o paciente tem o FAN positivo mas possui os auto-anticorpos específicos, citados acima, negativos. Nestes casos há geralmente duas possibilidades: ou o FAN é falso positivo ou o paciente pode ter uma doença autoimune que ainda não está ativa. O paciente tem os auto-anticorpos  mas eles ainda não estão atacando o organismo. Há pacientes com lúpus que apresentam o FAN reagente anos antes da doença se manifestar clinicamente. Há outros, porém, que têm FAN positivo para o resto da vida e nunca desenvolvem nenhum problema de saúde.

Finalizando, o fator antinuclear é um exame inicial na investigação das doenças autoimunes. O FAN sozinho não fecha nenhum diagnóstico. Quando o paciente tem sintomas típicos de doença autoimune, ele ajuda muito. Quando o paciente nada sente, ele mais atrapalha do que ajuda.

Leia o texto original no site MD.Saúde: EXAME FAN (FATOR ANTINUCLEAR) http://www.mdsaude.com/2009/05/o-que-e-o-fan-fator-antinuclear.html#ixzz23KMsfhZr

Remédio usado para emagrecer pode cegar


Relatório do FDA (Food and Drugs Administration), agência americana similar à Anvisa, mostra que o topiramato, anticonvulsivante usado por quem quer perder peso, aumenta as chances de contrair miopia aguda e glaucoma secundário de ângulo fechado, uma das maiores causas de cegueira definitiva. 

De acordo com o oftalmologista Pedro Burnier, esse efeito colateral não é tão comum, mas ele mesmo já atendeu uma paciente que, com menos de um mês de uso da droga, chegou ao consultório com os sintomas do glaucoma de ângulo fechado. 

Burnier ainda destaca que, de acordo com o relatório, as mulheres são mais vulneráveis a esse efeito colateral. Segundo o documento, de 49 pacientes que contraíram a doença devido ao uso da droga, 68% eram do sexo feminino. O motivo é que as mulheres têm a câmara anterior dos olhos mais estreita e o topiramato diminui ainda mais esse espaço. Portadores de hipermetropia também correm risco maior, pela mesma razão. 

Segundo o Sindusfarma, Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo, o consumo do anticonvulsivante topiramato aumentou 62% em 2011.  

Fonte: http://comunidadefarmciabrasileira.blogspot.com.br/2012/08/remedio-usado-para-emagrecer-pode-cegar.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+ComunidadeFarmciaBrasileira+(Comunidade+Farm%C3%A1cia+Brasileira) e Jornal do Brasil