sábado, 6 de outubro de 2012

APARELHO CIRCULATÓRIO


O aparelho circulatório é o sistema de transporte interno do organismo. Seu objetivo é levar elementos nutritivos e oxigênio a todos os tecidos do organismo, eliminar os produtos finais do metabolismo e levar os hormônios, desde as correspondentes glândulas endócrinas, aos órgãos sobre os quais atuam. Durante este processo, regula a temperatura do corpo. Aparelho Circulatório Humano: o aparelho circulatório compreende: coração, vasos sangüíneos, vasos linfáticos, sangue, linfa. Vasos sangüíneos: existem três tipos de vasos sangüíneos: artérias, veias e capilares. Artérias: sua função é levar o sangue desde o coração até os tecidos.

Três capas formam suas paredes, a externa ou adventícia de tecido conjuntivo; a capa media de fibras musculares lisas, e a interna ou íntima formada por tecidos conectivos, e por dentro dela se encontra uma capa muito delgada de células que constituem o endotélio. Veias: devolvem o sangue dos tecidos ao coração. À semelhança das artérias, suas paredes são formadas por três capas, diferenciando-se das anteriores somente por sua menor espessura, sobretudo ao diminuir a capa media. As veias têm válvulas que fazem com que o sangue circule desde a periferia rumo ao coração ou seja, que levam a circulação centrípeta. Capilares: são vasos microscópicos situados nos tecidos, que servem de conexão entre as veias e as artérias; sua função mais importante é o intercâmbio de materiais nutritivos, gases e desperdícios entre o sangue e os tecidos.



Suas paredes se compõem de uma só capa celular, o endotélio, que se prolonga com o mesmo tecido das veias e artérias em seus extremos. O sangue não se põe em contato direto com as células do organismo, se bem que estas são rodeadas por um líquido intersticial que as recobre; as substâncias se difundem, desde o sangue pela parede de um capilar, por meio de poros que contém os mesmos e atravessa o espaço ocupado por líquido intersticial para chegar às células. As artérias antes de se transformarem em capilares são um pouco menores e se chamam arteríolas, e o capilar quando passa a ser veia novamente tem uma passagem intermediária nas que são veias menores chamadas vénulas; os esfíncteres pré-capilares ramificam os canais principais, abrem ou fecham outras partes do leito capital para satisfazer as variadas necessidades do tecido. Dessa maneira, os esfíncteres e o músculo liso de veias e artérias regulam o fornecimento do sangue aos órgãos.



Vasos linfáticos: é um sistema auxiliar para o retorno de líquido dos espaços tissulares. A circulação; o líquido intersticial entra nos capilares linfáticos, transforma-se em linfa e logo é levado à união com o sistema vascular sangüíneo e se mistura com o sangue. Os capilares linfáticos se reúnem e formam os vasos linfáticos, cada vez maiores, que têm válvulas para evitar o reflexo igual ao das veias. Baço: é um órgão linfático, situado na parte esquerda da cavidade abdominal. Nele não se produz a contínua destruição dos glóbulos vermelhos envelhecidos; sua principal função está vinculada com a imunidade; como órgão linfático está encarregado de produzir linfócitos (que são um tipo de glóbulos brancos) que se derramam no sangue circulante e toma parte nos fenômenos necessários para a síntese de anticorpos.



Apesar de todas estas funções, o baço não é um órgão fundamental para a vida sua forma é oval e com um peso de 150 gr o qual varia em situações patológicas. Macroscopicamente, se caracteriza pela alternância entre estruturas linfóides e vasculares, que formam respectivamente a polpa branca e a polpa vermelha. A artéria esplênica entra no órgão e se subdivide em artérias traveculares, que penetram na polpa branca como artérias centrais e uma vez fora delas se dividem na polpa vermelha. A polpa branca é formada por agregados linfocitários formando corpúsculos, atravessados por uma artéria. A polpa vermelha é formada por seios e cordões estruturados por células endoteliais e reticulais formando um sistema filtrante e depurador capacitado para seqüestrar os corpos estranhos de forma irregular e de certa dimensão.



Em síntese as funções de baço são múltiplas; Intervêm nos mecanismos de defesa do organismo, forma linfócitos e indiretamente anticorpos, destrói os glóbulos vermelhos envelhecidos e quando diminui a atividade hemocitopoiética da medula, é capaz de reemprender rapidamente dita atividade. Por outro lado como contém grande quantidade de sangue, em estado de emergência pode aumentar com sua contração a quantidade de sangue circulante, liberando toda aquela que contém. Dinâmica da circulação: o batimento do coração é iniciado e regulado pelo nódulo sinosal que se encontra na parte superior da aurícula direita e do nascimento automático deste nódulo passa o estímulo para o resto do coração pelo tecido de Purkinge. Quando o nódulo sinosal por qualquer doença não produz o batimento automático, as outras zonas que constituem a rede ou o tecido de Purkinge podem bater com ritmos de freqüências inferiores. A aurícula direita recebe o sangue por intermédio de duas importantes veias.



A veia cava superior (sangue da cabeça, braços e parte superior do corpo) e a veia cava inferior ( sangue de membros inferiores e parte inferior do corpo). A aurícula direita se contrai abrindo a válvula tricúspide ( que é a que separa a aurícula do ventrículo direito) que, permite a entrada do sangue ao ventrículo direito. A contração do ventrículo direito fecha a válvula tricúspide e abre a válvula pulmonar semilunar desse lado impulsionando o sangue pela artéria pulmonar em direção aos pulmões. Dos pulmões o sangue volta para a aurícula esquerda pelas veias pulmonares. Este é o último caso no qual uma veia leva sangue oxigenado, já que normalmente o sangue oxigenado vai pelo sistema arterial e o sangue com desperdícios, com menor conteúdo de oxigênio, vai pela rede venosa.



Mesmo assim, neste caso existe uma exceção quando a artéria pulmonar, que sai do ventrículo direito, leva sangue não oxigenado ou resíduos para os pulmões, e dos pulmões voltam às veias pulmonares com o sangue oxigenado para a parte do coração esquerdo; a aurícula esquerda se contrai abrindo a válvula mitral (que é a que separa a aurícula do ventrículo esquerdo). A contração do ventrículo esquerdo fecha esta válvula, abre a válvula aorta semilunar e envia o sangue através da aorta a todo o sistema, menos aos pulmões. Toda a porção de sangue que entra na aurícula direita deve dirigir-se para a circulação pulmonar antes de alcançar o ventrículo esquerdo e daí ser enviada aos tecidos.



O tecido nodal regula o batimento cardíaco que consta de uma contração ou sístole, seguida de relaxamento ou diástole. As aurículas e ventrículos não se contraem simultaneamente; a sístole auricular aparece primeiro, com duração aproximada de 0,15' seguida da sístole ventricular, com duração aproximada de 0,30'. Durante a fração restante de 0,40', todas as cavidades se encontram num estado de relaxamento isovolumétrica (situação onde não há mudança de volumes em nenhuma das quatro câmaras do coração). Ciclo cardíaco: A função impulsora de sangue do coração segue uma sucessão cíclica cujas faces, a partir da sístole auricular, são as seguintes: a) Sístole auricular: a onda de contração se propaga ao longo de ambas as aurículas estimuladas pelo nodo ou nódulo sinosal ou sinoauricular. O coração tem a direção automática elétrica mas por outro lado as válvulas e as câmaras se abrem e fecham conforme as diferenças de pressão que o sangue tem em cada uma delas.



O ventrículo tem sangue em seu interior que provem da diferença de pressão, enquanto que há muito sangue nas aurículas e pouco nos ventrículos, e isso faz com que as válvulas se abram e passem o sangue das aurículas aos ventrículos, logo ao final, para ajudar o pouco sangue que restou nas aurículas a passar ao ventrículo, produzindo a chamada sístole auricular. b) Sístole ventricular : começa a contrair-se o ventrículo, com aumento rápido de sua pressão; nesse momento fecham-se as válvulas tricúspide e mitral, para que o sangue não volte a fluir para as aurículas e o aumento de pressão que sobrevem até que se abram as válvulas semilunares, auríticas e pulmonares e que passe o sangue rumo à aorta e também à artéria pulmonar, produzindo-se o primeiro som dos ruídos cardíacos. c) Aumento da pressão dos ventrículos: as válvulas semilunares se mantêm fechadas até que a pressão dos ventrículos se equilibra com a das artérias. d) Quando a pressão intraventricular ultrapassa a das artérias, abrem-se as válvulas semilunares e o sangue se dirige pelas artérias aorta e pulmonar. e) Diástole ventricular: os ventrículos entram em relaxamento, sua pressão interna é inferior à arterial por isso as válvulas semilunares se fecham, produzindo o segundo ruído cardíaco. f) Diminuição da pressão com relaxamento das paredes ventriculares, as válvulas tricúspide e mitral continuam fechadas (a pressão ventricular é maior que a auricular) pelo que não sai nem entra sangue nos ventrículos; embora penetre sangue nas aurículas ao mesmo tempo. g) A pressão intraventricular é inferior à auricular, porque a aurícula vai se enchendo de sangue, o que produz uma diferença de pressão com a qual se abrem novamente as válvulas tricúspides e mitral e recomeça o ciclo. Batimento cardíaco: o coração de uma pessoa em repouso impulsiona aproximadamente 5000 ml de sangue por minuto, que eqüivalem a 75 ml por batida. Isso significa que a cada minuto passa pelo coração um volume de sangue equivalente a todo aquele que o organismo humano conte.



Durante um exercício físico intenso o gasto cardíaco (volume de sangue impulsado pelo coração) pode chegar até 30 l por minuto (30.000 ml/min). Pressão arterial ou pressão sangüínea: a força da contração cardíaca, o volume de sangue no sistema circulatório e a resistência periférica (que é a resistência que opõem as artérias e veias, já que estas também se contraem, porque têm uma capa media que produz essa contração com o relaxamento) determinam a pressão arterial. Esta pressão aumenta com a energia contrátil, com o maior volume de sangue e, com a energia da constrição e relaxamento dos ventrículos aumenta e diminui a pressão. A pressão sistólica é a mais elevada e corresponde à sístole ventricular. E a pressão diastólica é menor e corresponde a diástole ventricular. A diferença entre as pressões sistólica e diastólica se chama pressão diferencial.







HEMÁCIAS

As hemácias ou eritrócitos são as células mais numerosas do sangue, um mm3 (mais ou menos uma gota) em um adulto normal possui cerca de 5,5 milhões de hemácias. As mulheres possuem um pouco menos, cerca de 4,85 milhões de hemácias/mm3 . Cada hemácia contém em seu interior aproximadamente 280 milhões de moléculas de hemoglobina. São elas que além de conferirem a cor vermelha ao sangue desempenham uma função muito importante: o transporte de gases.

Oxigênio para os órgãos e tecidos e gás carbônico dos tecidos para os pulmões. Cada molécula de Hb é naturalmente dotada da capacidade de atrair moléculas de oxigênio existentes no ar que está em nossos pulmões. Quando a Hb capta as moléculas de oxigênio ela é então chamada de oxihemoglobina. No entanto à medida que a oxihemoglobina percorre o sistema de artérias e chega a locais onde existe baixa tensão de oxigênio, a afinidade é alterada. Nessa situação a afinidade pelo oxigênio diminui e esse gás se desprende da Hb e passa para as células que dele precisam.



A cada molécula de hemoglobina podem ligar-se quatro moléculas de oxigênio. No momento em que o oxigênio se transfere para as células, o gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2), gás produzido em grande quantidade na respiração celular. No plasma parte do CO2 junta-se a moléculas de bicarbonato aí existentes, formando-se nessa reação moléculas de ácido carbônico, forma pela qual o gás carbônico é transportado dentro do plasma até os pulmões. Contudo, uma pequena parte de CO2 passa para dentro das hemácias e liga-se às moléculas de hemoglobina, seguindo com ela até os pulmões. Neste caso, a hemoglobina passa então a chamar-se carboxiemoglobina. A hemácia tem um tamanho médio de 7 a 7,2m e uma sobrevida de aproximadamente 120 dias.







MORFOLOGIA DOS ERITRÓCITOS

O diâmetro médio dos eritrócitos é de 7,5mm e a maioria dos eritrócitos tem a forma característica de disco bicôncavo. A forma e a flexibilidade normais dos eritrócitos dependem da integridade do citoesqueleto ao qual está ligada a membrana lipídica. O aparecimento de uma forma anormal pode resultar de um defeito primário do citoesqueleto, da membrana ou ser secundário à fragmentação, cristalização ou precipitação da hemoglobina. A membrana do eritrócito é constituída de uma dupla camada lipídica, atravessada por várias proteínas transmembrana. Certos termos usados para descrever a morfologia dos eritrócitos requerem definição. Para descrever as células que apresentam morfologia normal são usados dois adjetivos: normocítico (células de tamanho normal) e normocrômico (células que contém quantidade normal de Hb corando-se normalmente) .Outros termos descritivos pressupõem que a morfologia é anormal, como veremos a seguir. Poucos laboratórios adotam a política de descrever a morfologia normal (normocítico e normocrômico), a maioria comenta a morfologia eritrocitária somente quando esta é anormal ou quando a normalidade é particularmente significativa. Exemplo: se o paciente está anêmico, mas os eritrócitos são normocíticos e normocrômicos, é útil fornecer esta informação porque ela limita as possibilidades diagnósticas. As principais alterações morfológicas são:



ANISOCITOSE

A anisocitose é o aumento da variabilidade do tamanho dos eritrócitos que excede a observada em um indivíduo sadio. É uma anormalidade inespecífica comumente encontrada nas desordens hematológicas.


 
MICROCITOSE

Microcitose é a diminuição do tamanho dos eritrócitos. Os micrócitos são notados na distensão sangüínea quando o diâmetro dos eritrócitos é inferior a 7 - 7,2mm. O núcleo do linfócito pequeno, com diâmetro de aproximadamente 8,5mm, é um guia útil na avaliação do tamanho dos eritrócitos. A microcitose poderá ser geral ou existir em parte da população de eritrócitos. Quando todos ou a maioria dos eritrócitos são pequenos há uma redução significativa no VCM. Os eritrócitos de crianças sadias são menores que os de adultos: o tamanho eritrocitário deve ser portanto, interpretado conforme a idade do indivíduo. Os negros, como um grupo, possuem eritrócitos menores que os dos brancos: é provável que isto se deva à alta prevalência do traço da a-talassemia , traço da hemoglobina C e outras hemoglobinopatias associadas à microcitose.



MACROCITOSE

Macrocitose é o aumento do tamanho dos eritrócitos. É notada em uma distensão sangüínea pelo aumento do diâmetro celular. A macrocitose pode ser geral, e neste caso o VCM estará elevado, ou afetar apenas uma parte da população de hemácias. Os macrócitos podem Ter contorno oval ou arredondado. Os eritrócitos dos recém-nascidos mostram acentuada macrocitose quando comparados com os do adulto, sendo desnecessário o comentário a respeito. Discreta macrocitose é também uma característica fisiológica da gravidez e dos adultos idosos.



HIPOCROMIA

Hipocromia é a redução da coloração do eritrócitos (aumento da palidez central das hemácias) devido à deficiência de Hb. A hipocromia pode ser geral ou ocorrer em uma parte da população de hemácias. A hipocromia severa poderá refletir-se em uma redução do CHCM. Qualquer uma das condições que leva à microcitose pode causar hipocromia. Os eritrócitos das crianças sadias são freqüentemente hipocrômicos quando comparados com os dos adultos.

 

HIPERCROMIA

O termo hipercromia é raramente usado nas descrições de distensões sangüíneas e refere-se à células com intensidade de coloração maior que a normal, mas é mais útil indicar por que a célula é hipercrômica: Os esferócitos e as células irregularmente contraídas coram-se mais intensamente que os eritrócitos normais.



DIMORFISMO

Dimorfismo significa a presença de duas populações distintas de eritrócitos em uma distensão sangüínea . O termo aplica-se na maioria das vezes à presença de uma população de células hipocrômicas microcíticas e de células normocrômicas que são normocíticas ou macrocíticas. Como o termo é geral, é necessário descrever as duas populações.



POLICROMASIA OU POLICROMATOFILIA

O termo refere-se aos eritrócitos que tem coloração róseo-azulada em consequência da captação simultânea da eosina (pela Hb) e dos corantes básicos (pelo RNA ribossômico). Uma vez que os reticulócitos são células cujo RNA ribossômico absorve corantes supravitais, formando um retículo visível, há um relacionamento entre os reticulócitos e as células policromáticas. Ambos são eritrócitos imaturos, recém-saídos da medula óssea.



 

POIQUILOCITOSE OU PECILOCITOSE

A célula que tem forma anormal. Fala-se em poiquilocitose, quando há um número exagerado de células de forma anormal. A altitude produz um certo grau de poiquilocitose em indivíduos hematológicamente normais. A poiquilocitose é uma anormalidade comum, inespecífica, encontrada em várias desordens hematológicas: pode resultar de produção de células anormais pela medula óssea ou de dano às células normais após serem liberadas para a corrente sangüínea. A presença de poiquilocitose com certas formas específicas como por exemplo, esferócitos ou eliptócitos, pode Ter um significado especial.

 

ESFEROCITOSE

São células com forma esférica ou aproximadamente esférica, em vez de disciforme. O diâmetro de uma esfera é menor que o de um objeto discóide do mesmo volume, por isto o esferócito parece menor que um eritrócito.

 

OVALOCITOSE

Refere-se às hemácias com forma oval. Quando o número de ovalócitos é elevado é provável que o paciente tenha uma anormalidade herdada, afetando o citoesqueleto dos eritrócitos. Os ovalócitos macrocíticos ou macro-ovalócitos são característicos da anemia megaloblástica e da mielofibrose idiopática.


 
DACRIÓCITOS

Os dacriócitos são hemácias em forma de lágrima ou pêra. Estão presentes quando existe fibrose da medula óssea ou diseritropoese severa. São particularmente característicos da anemia megaloblástica, da talassemia maior e da mielofibrose.



 
CÉLULAS ESPICULADAS

Dentre as células espiculadas estão os equinócitos, acantócitos, queratócitos e esquistócitos. É bastante difícil descrever tais células e a distinção entre elas é geralmente feita em microscopia eletrônica de varredura.



CÉLULAS EM ALVO OU TARGETT CELLS

Os eritrócitos em alvo possuem uma área de coloração aumentada no meio da área de palidez central. Eritrócitos em alvo formam-se como consequência de um excesso de membrana em relação ao volume do citoplasma. Eles podem ser microcíticos, macrocíticos ou normocíticos.



ESTOMATOCITOSE

Os estomatócitos são eritrócitos que, na distensão corada, apresentam uma fenda, ou estoma, linear central. São vistos ocasionalmente na distensão sangüínea de indivíduos sadios, porém ocorrem com freqüência em indivíduos com hepatopatia. A causa mais comum da estomatocitose é o excesso alcoólico e a hepatopatia alcoólica, onde também é freqüente a macrocitose



INCLUSÕES NOS ERITRÓCITOS CORPOS DE HOWELL-JOLLY





São inclusões eritrocitárias, arredondadas, de tamanho médio, compostas de DNA que apresentam características tintoriais iguais às do núcleo. O corpúsculo de Howell-Jolly é um fragmento de material nuclear. Pode resultar de Cariorrexe (fragmentação do núcleo) ou de expulsão nuclear incompleta. A formação destes corpos está aumentada nas anemias megaloblásticas e no hipoesplenismo.



PONTILHADO BASÓFILO

A expressão descreve a presença de considerável número de pequenas inclusões basófilas, contendo RNA, dispersas no citoplasma do eritrócito. São compostas de agregados de ribossomos. Raras hemácias com pontilhado basófilo podem ser vistas em distensões de indivíduos normais.

 

MICROORGANISMOS

Podem ser encontrados nos eritrócitos microorganismos como o parasito da malária.



MORFOLOGIA DOS LEUCÓCITOS

Os leucócitos do sangue periférico normal são classificados como polimorfonucleares e mononucleares; o último termo inclui os linfócitos e monócitos. Os polimorfonucleares ou granulócitos possuem núcleos lobulados de forma variável, isto é, polimórficos, e grânulos citoplasmáticos proeminentes, cujas características tintoriais diferem conforme à classe a qual pertence o granulócito : neutrófilo, eosinófilo ou basófilo. As células mononucleares também tem grânulos , no caso dos monócitos são quase imperceptíveis , ao passo que nos linfócitos são algumas vezes proeminentes, mas escassos. Em condições patológicas, e em certas condições fisiológicas, como a gravidez , durante o período neonatal, precursores dos polimorfonucleares podem aparecer no sangue periférico. Vários tipos de leucócitos anormais também podem ser vistos no sangue e em doenças hematológicas e não hematológicas.



NEUTRÓFILO SEGMENTADO

O neutrófilo maduro mede de 12 a 15mm de diâmetro. O citoplasma é acidófilo, com muitos grânulos finos. O núcleo possui cromatina em grumos, sendo dividido em 2 a 5 lóbulos distintos por estreitos filamentos de heterocromatina densa, limitados pela membrana nuclear. O núcleo tende a adotar uma disposição aproximadamente circular, uma vez que, na célula viva, os lóbulos nucleares estão dispostos em círculo ao redor do centrossomo. Os grânulos espalham-se uniformemente pelo citoplasma, mas pode haver uma porção de citoplasma agranular projetando-se na margem da célula. Função: defesa do organismo por quimiotaxia, fagocitose e digestão por enzimas lisossômica.


 

NEUTRÓFILO BASTONETE



A célula é idêntica ao neutrófilo maduro, porem desprovida de lóbulos nucleares. O comitê de padronização de Nomenclatura das células e doenças dos órgãos hematopoiéticos definiu bastonete como "qualquer célula da série granulocítica cujo núcleo pode ser descrito como uma faixa curva ou espiralada, não importando o grau de indentação, desde que esta não segmente completamente o núcleo em lóbulos unidos por um filamento". O aumento do número de bastonetes em relação aos neutrófilos é designado "desvio à esquerda". Quando ocorre desvio à esquerda, também podem ser liberados no sangue precursores dos neutrófilos, mais imaturos que os bastonetes. O desvio à esquerda é uma ocorrência fisiológica na gravidez, porém quando não está associado à gravidez, indica resposta à uma determinada infecção, inflamação ou à outra forma de estímulo à medula óssea. Função: defesa do organismo por quimiotaxia, fagocitose e digestão por enzimas lisossômica.



EOSINÓFILO



O eosinófilo é ligeiramente maior que um neutrófilo, com um diâmetro de 12 a 17mm. O núcleo é geralmente bilobulado, mas pode ser trilobulado; Os grânulos dos eosinófilos são esféricos e consideravelmente maiores do que os dos neutrófilos: preenchem o citoplasma e coram-se de laranja-avermelhado. Função: desintoxicação, defesa humoral imunológica. Contém histamina. Aparece em número elevado nas parasitoses e nas reações alérgicas.



BASÓFILO

O basófilo tem tamanho semelhante ao do neutrófilo (10 a 14mm de diâmetro). Seu núcleo é usualmente obscurecido por grânulos pretos - purpúreos. O núcleo é geralmente em forma de trevo. Função: Está relacionado com as alergias. Contém heparina.

 

LINFÓCITO

Os linfócitos do sangue periférico têm um diâmetro que varia de 10 a 16mm. Os linfócitos pequenos (10 a 12mm), que predominam, têm citoplasma escasso e núcleo redondo, ligeiramente indentado, com cromatina condensada. Os grandes (12 a 16mm), que constituem cerca de 10% dos linfócitos circulantes, têm citoplasma mais abundante e cromatina nuclear menos condensada, apresentam contorno irregular . O citoplasma é levemente basófilo, corando-se de azul-pálido. Podem apresentar pequeno número de grânulos azurófilos contendo enzimas lisossômicas. Os linfócitos atípicos surgem em resposta à infecções virais ou a outros estímulos imunológicos. As anormalidades dos linfócitos atípicos em relação aos linfócitos típicos são geralmente: tamanho celular aumentado, imaturidade do núcleo, presença de nucléolo, contorno nuclear irregular, vacuolização citoplasmática e contorno celular irregular. A causa mais comum do aparecimento de grande número de linfócitos atípicos é a mononucleose infecciosa. Os linfócitos atípicos têm geralmente um citoplasma basófilo intenso. Os quatro principais subgrupos de linfócitos no sangue são: linfócitos T, B Natural Killer e células dendríticas. A maioria dos pequenos linfócitos são células T. Função: Imunidade celular e proteção imunológica (produção de anticorpos).



MONÓCITO

O monócito é a maior célula normal do sangue periférico com diâmetro de 12 a 20mm. Apresenta núcleo irregular, freqüentemente lobulado, excêntrico, reniforme, oval ou redondo, citoplasma cinza-azulado, com grânulos azurófilos finos , contorno celular irregular e o citoplasma pode aparecer vacuolizado. Função: fagocitose e defesa do organismo.


 

RETICULÓCITOS

Os reticulócitos são eritrócitos jovens, recém - liberados pela medula óssea e que ainda contém RNA ribossômico. Pela exposição das células não fixadas a certos corantes, como o azul de cresil brilhante ou o novo azul de metileno, os ribossomos são precipitados e corados, aparecendo como um retículo; como as células ainda estavam vivas quando foram expostas ao corante, essa coloração é chamada de supravital. Com o novo azul de metileno, os eritrócitos coram-se em azul esverdeado claro, aparecendo o retículo em púrpura azulado.

Os reticulócitos são classificados em 4 grupos conforme o estágio de maturação e o tamanho do retículo é de acordo com o seu tipo. O reticulócito grupo I tem seu retículo em grumos grandes pois são eritrócitos muito imaturos, já os reticulócitos grupo IV possuem apenas alguns grânulos púrpura azulado, pois são eritrócitos mais maduros. As exigências mínimas para se classificar um eritrócito como reticulócito são de no mínimo 3 pontos, ou o necessário para formar uma pequena rede. Como a maioria dos reticulócitos do sangue periférico pertence ao grupo IV, a definição precisa do reticulócito terá um efeito considerável na contagem final.



O USA NATIONAL COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS classifica o reticulócito como "qualquer eritrócito não nucleado contendo duas ou mais partículas de material corado em azul púrpura, correspondendo a RNA ribossômico". A contagem dos reticulócitos tem sido tradicionalmente expressa em porcentagem, porém pode-se obter um resultado mais significativo do que a porcentagem, corrigindo o grau de anemia do paciente da seguinte forma: % de reticulócitos x Htº do paciente HT normal Este valor é chamado de índice reticulocitário. A contagem de reticulócitos nos dá uma indicação da produção de eritrócitos pela medula óssea. O sangue se mantém estável para a contagem de reticulócitos se anticoagulado com EDTA por até 24 horas à temperatura ambiente e por vários dias a 4ºC. Os valores normais em porcentagem para os reticulócitos são de 0,4% a 2,5%.