domingo, 15 de janeiro de 2012

LINFOMA: O CÂNCER DO SISTEMA LINFÁTICO








O sistema linfático é composto por órgãos distribuídos por todo o corpo,os gânglios linfáticos (linfonodos), que produzem e armazenam células que combatem as infecções, os linfócitos. Linfoma é um câncer que compromete este sistema.





No linfoma, perde-se o controle do crescimento das células linfóides. Como os linfócitos percorrem todo o corpo, diz-se que o linfoma é uma doença sistêmica e pode comprometer os gânglios linfáticos de qualquer parte do corpo, levando ao inchaço destes gânglios, muitas vezes chamados de ínguas. Nem toda íngua é linfoma, visto que infecções virais e bacterianas podem provocá-las. É o que acontece, por exemplo, na amigdalite, onde uma infecção das amígdalas leva ao aumento dos gânglios do pescoço (região que fornece e drena células de defesa para a amígdala).

Existem diferentes tipos de linfoma. Alguns tipos crescem muito lentamente, outros mais rapidamente. Às vezes, inicia-se o quadro com um tipo de linfoma de crescimento lento e, mais tarde, se torna de crescimento rápido, ao que chamamos de transformação.

O primeiro sinal de linfoma é, na maior parte das vezes, um ou mais gânglios linfáticos grandes, que podem ser sentidos debaixo da pele, mas geralmente não são dolorosos. As localizações mais comuns são pescoço, virilha e axila. No entanto, como existem linfonodos em todas as partes do corpo, pode ser que o único sintoma seja a compressão de outro órgão pelo crescimento de um gânglio mais profundo, que, nestes casos, pode provocar dor e outros sintomas. Por exemplo, um linfonodo aumentado dentro da barriga, pode comprimir o ureter (que drena a urina do rim para a bexiga), podendo provocar redução do volume urinário e até insuficiência renal. Outros sintomas importantes, que inclusive são utilizados para caracterizar a extensão da doença (estadiamento) são febre, perda de peso (mais que 10% do peso corporal em 6 meses) e sudorese noturna que molha a roupa. Todos esses sintomas também podem ser causados por condições que não são linfoma. Mas se você tem esses sintomas, deve conversar com o seu médico.

O médico suspeita de linfoma através dos sintomas e de achados do exame físico. Para comprovar a doença é necessário uma biópsia do linfonodo comprometido. Na biópsia, o médico cirurgião remove parte ou todo o linfonodo doente, e o patologista (outro médico) analisa este tecido, utilizando um microscópio. Muitas vezes, é necessário complementar o exame com a chamada imuno-histoquímica, um método de análise molecular dos tecidos. É uma técnica excelente de detecção, e tem a extraordinária vantagem de ser capaz de mostrar, exatamente, onde uma determinada proteína está localizada no tecido examinado.  A imuno-histoquímica é fundamental para a definição do tipo do linfoma.

Confirmado o diagnóstico do linfoma, ou em casos onde não é possível abordar o linfonodo comprometido, cirurgicamente, o médico hematologista irá realizar a biópsia de medula óssea, que é o tecido esponjoso no centro de alguns ossos. Novamente o patologista analisa a amostra em um microscópio para verificar se ela tem indícios de infiltração pelo linfoma. Em alguns casos, pode ser necessário a análise da medula com o exame de imunofenotipagem (citometria de fluxo). A imunofenotipagem mede as propriedades de células, orientadas num fluxo laminar, interceptadas uma a uma por um feixe de laser e mensuradas por sensores (detectores), também se utilizam fluorocromos que marcam antígenos de superfície celulares. Painéis de anticorpos  permite a caracterização das células quanto à linhagem celular, grau de maturação e anormalidades. Tomografias, ressonâncias e PET-CT são exames de imagem normalmente solicitados, estes testes permitem ao médico conhecer quais as regiões comprometidas pela doença. Outra biópsia pode ser necessária, nos casos onde outras localizações parecem não estar normais, como, por exemplo, se for encontrado algum nódulo no pulmão.


Com os dados da biópsia de medula e dos exames de imagem, além dos dados clínicos (sintomas como febre, perda de peso e sudorese noturna), o médico (em geral um hematologista), poderá fazer o estadiamento da doença. O estadiamento é uma maneira dos médicos identificar como o linfoma se espalhou dentro do sistema linfático ou dentro do corpo. O tratamento certo dependerá, em parte, da fase do linfoma, e dependerá também do tipo de linfoma, da idade, e da presença ou não de outros problemas de saúde.

Os hematologistas podem tratar o linfoma de diferentes maneiras. Pessoas com algums tipos específicos devem ser tratadas imediatamente. Outros tipos, com linfomas de crescimento lento e que não estiverem causando sintomas, podem, muitas vezes, não necessitar de tratamento num primeiro momento. Os seguintes tratamentos são utilizados para o tratamento do linfoma:
  • Quimioterapia: termo que descreve um grupo de medicamentos que mata as células cancerosas, mas que podem, muitas vezes afetar células saudáveis também.
  • Radioterapia: radiação em dose específica que mata células cancerosas.
  • Transplante de medula óssea: este tratamento substitui células na medula óssea que são mortas por quimioterapia ou radiação.

Após o tratamento, o paciente passará por checagens freqüentes, para verificar se o linfoma retornou. O acompanhamento regular inclui consulta com o médico e alguns exames, que podem ser testes no sangue e/ou exames de imagem. Além disso, é importante ficar atento se os sintomas iniciais retornaram, e procurar logo o médico se isto estiver acontecendo.

Se o linfoma retornar, um novo tratamento será instituído, incluindo quimioterapia, radioterapia ou mesmo transplante de medula.


Se estiver com linfoma, o que mais posso fazer?

É importante seguir as instruções de todos os seus médicos sobre visitas e exames. Também é importante falar com seu médico sobre qualquer efeito colateral ou qualquer problema, que você venha a ter durante o tratamento. Ser tratado devido a um linfoma, envolve fazer escolhas, inclusive qual o tratamento e quando deve ser iniciado. Sempre deixe seus médicos e enfermeiras saberem como você se sente.

Sempre pergunte:
  • Quais são os benefícios deste tratamento?
  • É provável que me ajude a viver mais tempo?
  •  Vai reduzir ou evitar os sintomas? 
  • Quais são as desvantagens para este tratamento? 
  • Existem outras opções além deste tratamento? 
  • O que acontece se eu não receber este tratamento?

De onde vem o câncer?

Câncer é definido como um grupo de doenças que se caracterizam pela perda do controle da divisão celular e pela capacidade de invadir outras estruturas orgânicas.
Pode ser causado por fatores externos (substâncias químicas, irradiação e vírus) e internos (hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas). Os fatores causais podem agir em conjunto ou em seqüência para iniciar ou promover o processo de carcinogênese. Em geral, dez ou mais anos se passam entre exposições ou mutações e a detecção do câncer.
Em geral o câncer não é hereditário. Existem apenas alguns raros casos que são herdados, tal como o retinoblastoma, um tipo de câncer de olho que ocorre em crianças. No entanto, existem alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais sensíveis à ação dos carcinógenos ambientais, o que explica por que algumas delas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas a um mesmo carcinógeno.


O câncer não é contagioso. Mesmo os cânceres causados por vírus não são contagiosos como um resfriado, ou seja, não passam de uma pessoa para a outra por contágio. No entanto, alguns vírus oncogênicos, isto é, capazes de produzir câncer, podem ser transmitidos através do contato sexual, de transfusões de sangue ou de seringas contaminadas utilizadas para injetar drogas. Como exemplos de vírus carcinogênicos, tem-se o vírus da hepatite B (câncer de fígado), o vírus HTLV - I / Human T-lymphotropic virus type I (leucemia e linfoma de célula T do adulto), o vírus HPV (Papilomavírus humano), dentre outros.

Desde o início do século até o momento, a postura da sociedade em geral é de acreditar que o câncer é sempre sinônimo de morte, e que seu tratamento raras vezes leva à cura. Atualmente, mais da metade dos casos de câncer são curados desde que sejam descobertos em seu estágio inicial.